Friday, September 3, 2010

MGF-5- A sacralização do Projecto Djinopi




(Reunião de toda a equipa do Djinopi 17 Julho 2010-Bissau)

Foi apresentado ao grupo o Poilão do Djinopi (em tela). A apresentação deste Poilão teve como objectivo a criação de uma Unidade dentro do Djinopi para que todos sintam o Djinopi como um TODO e não apenas ser uma parte.

Perante o Poilão fizeram-se as seguintes perguntas:

  • · Porquê um Poilão? (muitas destas árvores são consideradas sagradas porque têm os espíritos dos mais velhos)
  • · O que é que o Poilão tem? (folhas, ramos, tronco, raízes)
  • · Como se alimenta o Poilão? (a água é um elemento que entra na terra e alimenta o Poilão pelas raízes e faz um Poilão forte e bonito)

De seguida passou-se à visualização do Poilão como sendo o Poilão do Djinopi e fizeram-se as seguintes perguntas:

  • · Quem são os ramos do Poilão?
  • · O Poilão protege quem?
  • · Quem são as raízes?
  • · O que alimenta o Poilão?

Depois desta dinamização dividiram-se os participantes em 4 grupos de trabalho, para que cada grupo pudesse responder às perguntas colocadas, de forma a que mais tarde pudéssemos colocar no Poilão todas as possíveis respostas.

Trinta minutos depois cada grupo deu as informações sobre as perguntas e foram colocadas no Poilão. Desta forma, com a participação de todos, o Poilão do Djinopi ficou completo e muito forte.

Depois do Poilão estar com todas as informações dos participantes foi mostrado a todos pequenos búzios, dizendo-se que cada búzio representa uma ONG envolvida no Djinopi. Assim todas as pessoas foram chamando as ONGs: WFD, René-Renté, Al-Ansar, Rede Ajuda, Okanto e Sinin Mira. Cada grupo de cada ONG levantou-se chamando a sua ONG.

Finalmente mostraram-se os 6 búzios envolvidos num fio vermelho e foi colocado num dos ramos do Djinopi.

(Este processo tradicional de sacralização, (tornar sagrado), do Poilão chama-se “Mandji ou Mandjidura”.

São processos muito importantes para a cultura guineense, tornando o Poilão como uma entidade espiritual e de protecção das comunidades, neste caso de entidade espiritual do Djinopi e de protecção do Djinopi na luta contra a mutilação genital feminina.)

Todos os participantes estavam envolvidos neste processo. Mas era necessário tornar o Djinopi também como um compromisso interno e também um compromisso de cidadania. Sendo assim foi distribuído por todos os participantes colas brancas. Estas colas (15) foram divididas ao meio e distribuídas pelos outros participantes, transformando 15 em 30. Cada participante comeu a sua parte da cola.

(Este compromisso é do ponto de vista cultural o maior compromisso que se pode tomar e ninguém o pode quebrar. Salienta-se que entre os participantes havia um Aladje (líder religioso) que tornou ainda mais forte este compromisso.)

Depois deste processo a alegria tomou conta da reunião. Todas as pessoas estavam muito contentes, valorizando o Poilão e tornando-se parte integrante dele.

TODOS NÓS SOMOS O POILÃO DO DJINOPI.

Esta tela com o Poilão do Djinopi ficou na parede durante toda a reunião e estava cheio do simbolismo da nossa Unidade e do nosso engajamento e no compromisso nas comunidades onde trabalhamos.

Foi um momento muito importante do nosso trabalho que envolveu todas as pessoas no sagrado e no compromisso da luta contra a mutilação genital feminina.

MGF-4-Carta de uma fanateca



























Fatumata Turé em 2003 entregou a faca, Em Farim – norte da Guiné-Bissau, numa cerimónia pública de juramento contra a excisão.


(Carta da Fatumata Turé ao Projecto Djinopi - Julho 2010)

Eu, Fatumata Turé fui fanateca durante muitos anos. Através desta prática consegui sustentar a minha família. No entanto fui convidada a participar no projecto Direito das Mulheres em 2003 e abracei este projecto de muita importância para a defesa dos direitos das crianças, das mulheres e da sociedade em geral. A partir daquele momento jurei que nunca voltaria a fazer essa prática (excisão) mas durante 5 anos da minha vida até ao presente não foi criada nenhuma condição necessária ou adequada para o sustento da minha família. Por isso peço para me ajudarem com um pequeno terreno para construir uma casa onde vou estar com a minha família até à morte. Por outro lado tenho dificuldades em pagar as propinas para a escola dos meus filhos e netos e não tenho ninguém na família que me pode ajudar. Peço para me ajudarem a criar condições.

Fatumata Turé

MGF-3-Fanatecas









As fanatecas são mulheres que fazem a excisão dentro dos rituais de iniciação chamados “fanados”.

Os fanados são muito importantes para a comunidade. É um entrelaçamento entre a educação formal e informal. Nos fanados as meninas recebem todo o tipo de informação de educação informal que é importante para a comunidade e é um elo de pertença ao seu grupo étnico. Infelizmente nestes fanados tradicionais das meninas é praticada a excisão.

No Djinopi temos fanatecas que estão a trabalhar connosco como animadoras ou facilitadores do Projecto na luta contra a mutilação genital feminina.

São mulheres que abandonaram ou estão em vias de abandonar a prática da excisão;

São mulheres com muito poder dentro da comunidade e pontes importantes no trabalho de luta contra a MGF;

São mulheres que têm uma grande influência na comunidade;

Temos que, todos os dias, trazer mais fanatecas para o nosso trabalho, engrossando assim o número de fanatecas que abandonam a prática.

Temos que, em conjunto com elas, encontrar formas de auto-sustentabilidade económica para cada uma delas, porque é através da prática da excisão que elas têm algum dinheiro para as suas famílias. É um caminho longo mas viável.

O meu abraço grande e fraterno para as fanatecas Fátima Sanhá, Fatumata Turé, Aminata Camará, Binto Sané e Fátima Dicó e para tantas outras que irão apoiar o nosso Projecto Djinopi.

Incha'allah

MGF-2-Os Rostos da Luta










A luta contra a MGF na Guiné-Bissau tem muitos rostos.

Este é o grupo de coordenadores do Djinopi.

Coragem Companheiros de Luta!

MGF-1-A corajosa equipa do Djinopi


Esta é a equipa do Djinopi que vai trabalhar contra a mutilação genital feminina na Guiné-Bissau entre 2010 e 2012.

É uma equipa maioritariamente de mulheres, pessoas valentes e corajosas.

Bem hajam e bom trabalho!