No dia 22 decidi dar uma aula de história ao meu querido Lassana, príncipe mandinga de 7 anos.
Fomos até ao Palácio e ele viu o que uma guerra pode fazer a um país: transformá-lo em escombros, mortos e tristeza.
Entrámos no Palácio onde agora vivem centenas de morcegos. Vimos as marcas das balas – e falámos de como as guerras apenas trazem coisas más.
Continuámos a nossa pequena viagem pela cidade.
Fomos à sede do PAIGC e entrámos. Vimos a fotografia de Cabral e falei-lhe de Cabral – pai desta nação!
A sede estava deserta, apenas um homem dormia, sono santo, nas escadas da entrada.
Fomos à Amura, quartel antigo do tempo colonial, onde repousa o corpo de Cabral. Demos a volta à Amura e vimos os antigos canhões dos portugueses.
Queria mostrar-lhe o Mausoléu de Cabral, visitado por mim em 1977.
Falei com alguns militares para poder ter acesso ao quartel da Amura. Consegui e, lá fomos para a Amura.
Os militares da porta de armas foram muito simpáticos mas tínhamos que ir falar com a PM (Polícia Militar) e lá fomos.
No caminho mostrei ao Lassana o carro velho, degradado e em muito mau estado de Cabral. Um Volkswagen que veio de Conacry. A este carro já lhe falta tudo: rodas, luzes, assentos, etc. É uma pena que a Guiné-Bissau não tenha tido ao longo dos anos o respeito merecido por Cabral.
Há pouco tempo o Projecto Mom Ku Mom, juntamente com militares cobriu o carro, defendendo-a assim de mais degradação.
Chegámos à PM, onde estava um PM sentado e disse que não era possível visitar o Mausoléu. Tinha que escrever uma carta ao Estado Maior das Forças Armadas e fazer o pedido. Disse-lhe que não tinha tempo para fazer isso, pois já estava de saída da Guiné e que antes de sair gostaria de mostrar ao Lassana o lugar onde está Cabral. Foi irredutível na sua força burocrática, senão militar. Ainda tentei que houvesse um pouco de bom senso, insistindo em visitar o Mausoléu. Sem efeito.
Saímos da Amura.
Pergunto eu:
O Mausoléu de Cabral é propriedade dos militares?
Porquê este pedido ao Estado Maior?
Para mim não tem sentido!
Ai Cabral, não era isto que tu querias para a tua nação.
A Guiné-Bissau deveria facilitar o acesso ao Mausoléu para todas as pessoas, em especial para as novas gerações guineenses – eles sim, o futuro deste país!
Querido Lassana, num futuro próximo iremos visitar Cabral.
Incha'allah!
No comments:
Post a Comment