Os meus companheiros de todos os dias. Abro a janela – e lá estão, pacientes como se todo o sentido da vida passasse por eles.
Têm um caminhar estranho, vacilante. Parece que a terra não lhes pertence e é no ar que mostram toda a sua magnificência. Abrem as suas asas negras ao vento, mesmo à mais pequena brisa e, são donos do mundo.
Com o calor ficam quietos, bem quietinhos, procurando a mais pequena sombra.
Em frente à minha janela, no outro lado da rua, há uma lixeira. Lugar deles partilhado pelos cães e pelo gatos da rua.
Lixeira de restos do restaurante, e eu pensando porque não colocam o lixo no contentor, bem perto que está? Dizem que o contentor está cheio de lixo. Será?
Na verdade é esta lixeira que dá de comer aos djugudés, aos cães e aos gatos. Bendita sejas!
E há uma hierarquia, para mim incompreensível, entre estes diferentes bichos: ora comem uns, ora comem outros – e quando não estão a comer, esperam pacientemente a sua vez. Por vezes se juntam – outras vezes não.
Às vezes aproximo-me deles e afastam-se. Confiança em humanos, não têm. Por vezes eu também não!
E lá estão… sentados no esqueleto de uma construção inacabada. Olham para a minha janela, volteando os pescoços sem penas. Imagino que me observam, curiosos.
E eu continuo tricotando palavras e sonhos no meu teclado…
Essas aves devem ser uma espécie de abutres.Os bichos são a maior parte das vezes melhores que alguns homens.
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