Sunday, June 13, 2010

Stop mutilação genital feminina na Guiné-Bissau









Fim à mutilação genital feminina

Projecto DJINOPI - Djintis Nô Pintcha (2010-2012)


1 – Introdução

Não existe uma estatística confiável sobre a mutilação genital feminina na Guiné-Bissau. A UNICEF estima actualmente uma prevalência de aproximadamente 45% de mulheres entre 7 e 12 anos (39% na capital, 48% no campo). Assim, estima-se hoje 300.000 mulheres afectadas, com outras cerca de 80.000 meninas, de praticamente todas as idades, em perigo de serem mutiladas. Variadas formas de amputação do clítoris são praticadas, principalmente em comunidades islâmicas, mas também por pequenos grupos animistas, . As comunidades com esta prática vivem sobretudo no Leste (regiões de Bafatá e Gabú), no Norte (Oio e Cacheu) e no Sul (Quínara, Tombali e Bolama-Bijagós) do país. Entre os fulas ou fulanis, que representam cerca de 30% da população, a MGF é praticada no marco de uma cerimónia curta (fanadozinho), em geral em meninas entre 7 e 12 anos. Entre os Mandingos (outros 30% da população) e pequenos grupos da etnia Susu e Nalu são atingidas meninas da mesma faixa etária. Na etnia Beafada pratica-se a clitoridectomia (estirpação do clítoris) em crianças de 9 a 12 anos.

Todos os grupos, menos os fulas, realizam as operações em longas cerimónias com uma até seis semanas de duração, que incluem rituais com danças e cantos, além de instruções práticas e morais sobre o papel da mulher adulta nas respectivas sociedades (fanado grande). Neste contexto, não raro meninas recém entradas na puberdade são casadas. Entre a população urbana com boa educação formal a MGF tem tendência a ser menos praticada, mas de nenhum modo é incomum. Para pais e mães com uma postura crítica com relação ao tema é bastante difícil impor-se entre os partidários da prática no círculo familiar, sobretudo as avós. As etnias que não praticam nenhuma forma de MGF, são as etnias animistas, o que envolve o risco de interpretações étnicas de acções contra a MGF. Em 1995 o parlamento recusou um projecto de lei contra a MGF. Tem ocorrido um intenso debate público em torno de uma possível lei contra a MGF, no qual o presidente da Comissão Nacional Islâmica pôs-se a favor da prática e o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, contra a prática, verificando-se assim um tema fracturante na sociedade guineense.

2 – Grupos Alvos do Djinopi:

O grupo de meninas - estimado em torno de 80.000 - que ainda não sofreu a MGF, mas devido ao seu meio cultural está directamente em risco. Dessas, cerca de 40.000 meninas vivem nas três regiões principais Gabú, Bafatá e Quínara. Os critérios de selecção destas zonas foram, por um lado, devido à dimensão do problema (em Gabú e Bafatá vive o maior grupo em risco), por outro lado a representatividade étnico-cultural dos grupos alvo.

Outros grupos alvos, com os quais o projecto irá trabalhar de forma diferente, são os pais e outros membros importantes da família, excisadoras (fanatecas), autoridades religiosas, homens jovens em idade de casar, homens adultos e velhos como formadores de opinião e autoridades tradicionais. Em cada um desses grupos encontram-se apoiadores, mas também cépticos e adversários da prática da MGF. Finalmente também serão envolvidos multiplicadores como profissionais da saúde pública, professores de escola primária, políticos, funcionários de ministérios, ONGs, programas de desenvolvimento bem como jornalistas de jornais, rádios e TVs.

1 comment:

  1. Aqui está uma prática terrível! Tudo o que se fizer para a extirpar será importante.

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